Ele acordou com a certeza absoluta de que havia aprendido a voar. Não como um super-herói de blockbuster, claro — era algo mais modesto, uma espécie de levitação doméstica. Um metro do chão, no máximo. Mas era real. Ele se lembrava do esforço abdominal, do leve zumbido no ouvido, da sensação triunfante de flutuar pelo corredor sem encostar os pés no chão.
Tudo parecia absurdamente real. Até que veio o café da manhã. Ninguém mais se lembrava de nada — porque, claro, nada disso havia acontecido.
Essa é a natureza perversa da falsa memória onírica: sonhos que acordam junto com a gente, vestindo a pele da realidade. É quando o cérebro, talvez entediado, decide que uma fantasia noturna merece ser arquivada como fato.
Para autores de terror e fantasia, isso é ouro puro. Imagine um personagem que, certo de ter vivido algo enquanto dormia, começa a agir com base nessas falsas lembranças. Um pacto, um assassinato, um segredo revelado. Ou... superpoderes. E se ele estiver errado? Melhor: e se ele estiver certo?
A falsa memória onírica é como um sonho que se recusa a aceitar que acabou — e às vezes, o mundo também não tem tanta certeza assim.