Post Scriptum Izanagui
Já morri em romance, ressuscitei nos contos — sigo em poemas inacabados.
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Meu Diário
21/05/2025 03h00
FENÔMENOS ONÍRICOS #2 - Hiper-realismo onírico

Você já acordou com a sensação de que viveu algo tão real, mas tão absurdamente real, que a única explicação plausível seria: “morri e fui substituído por uma versão alternativa de mim mesmo durante a noite”? Pois bem. Seja bem-vindo ao deliciosamente perturbador mundo do hiper-realismo onírico — aquele estágio avançado dos sonhos onde você não apenas vê coisas bizarras, mas também sente com um nível de detalhe que faria um massagista sueco suar frio.

Aqui, meus caros, não estamos falando de devaneios leves com unicórnios, nem daquelas tramas eróticas mal resolvidas com celebridades. Estamos tratando de sonhos onde você encosta na parede úmida de uma caverna e sente o limo entre os dedos. Onde um corte feito por uma faca invisível que aparece sabe-se lá de onde realmente arde — e o pior: às vezes, você acorda e jura que a cicatriz está lá. Talvez esteja. Talvez não. Boa sorte conferindo no espelh

Para escritores de contos, esse fenômeno é um presente embrulhado em papel de loucura. É como dar ao seu personagem um passe livre para entrar num universo em que a realidade tem cheiro, gosto, dor — e nenhum compromisso com a lógica. Você pode fazer um sujeito sonhar que queima a mão numa grelha, e depois acordar com a pele marcada. É exagerado? Sim. É instigante? Com certeza. E o mais legal: você nem precisa explicar. Porque no território do hiper-realismo onírico, a explicação só atrapalha.

Esse tipo de narrativa permite brincar com o que há de mais humano: o medo de não saber se estamos acordados ou apenas presos num sonho meticulosamente tramado por um cérebro entediado. E quando você escreve a partir desse lugar — onde o real se ajoelha diante do surreal — o leitor não apenas acompanha, ele sente. E sente com aquela mistura inconfundível de fascínio e pânico, como quem percebe que entrou no pesadelo errado, mas que talvez goste da decoração.

Então, da próxima vez que acordar suando frio por ter sonhado que foi empalado por uma estátua de mármore com olhos humanos, não corra para o terapeuta. Corra para o teclado. Há um conto pedindo para nascer. E a parede do sonho ainda está ali, esperando seu toque.

 

 

Publicado por Izanagui
em 21/05/2025 às 03h00
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