Post Scriptum Izanagui
Já morri em romance, ressuscitei nos contos — sigo em poemas inacabados.
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Meu Diário
30/05/2025 03h00
Filmes vampirescos #1: Byzantium 2012

"Minha história nunca poderá ser contada.

Escrevo isso várias e várias vezes, onde quer que consigamos abrigo.

Escrevo sobre o que não posso falar: a verdade.

Escrevo sobre tudo o que sei.

Então, lanço as páginas ao vento.

Talvez os pássaros possam lê-las."

 

Se Eleanor é a vampira melancólica que escreve sua verdade em folhas soltas e as entrega ao vento, sua mãe Clara é o oposto absoluto: uma femme fatale de salto agulha e batom vermelho, que sustenta a família (leia-se: o pequeno clã vampírico de duas pessoas) com dentes escondidos e unhas afiadas — não para sugar sangue, mas para arrancar dinheiro mesmo.

Neil Jordan filma Clara como um quebra-cabeça sedutor: pernas, lábios, curvas e sombras. Cada cena parece gritar “olhe para mim!” antes de desaparecer num mar de néon, bordéis sufocantes, parques abandonados, cachoeiras de sangue e corvos dramáticos. É um delírio gótico cuidadosamente coreografado, onde até as decapitações têm um quê de poesia.

Apesar da estética operística, o coração do filme pulsa no drama entre mãe e filha. Bizâncio é, na essência, um rito de passagem cheio de vísceras: Eleanor quer crescer, mas o ninho é um bordel e o vôo envolve confrontar a imortalidade e o uso do corpo como moeda. Para Clara, sexo é ferramenta. Para Eleanor, é tabu. E entre uma cabeçada emocional e outra, vamos descobrindo que o verdadeiro terror aqui não são os vampiros — é a intimidade.

Este é o primeiro de uma série de posts sobre filmes de vampiros. Verdadeiros filmes de vampiros — e não aquela criancice pálida e cintilante chamada Crepúsculo.

 

 

 

 

Publicado por Izanagui
em 30/05/2025 às 03h00
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