O filme de hoje não é só um filme. É uma cripta aberta, um beijo gótico no meio da testa, e também — por que não? — a centelha maldita que me inspirou a escrever um conto chamado "Crossover Sombrio – Parte 2" (e que você pode ler aqui no blog, antes que a sanidade o abandone).
Falo de Vampire Hunter D: Bloodlust, essa preciosidade do ano 2000 dirigida por Yoshiaki Kawajiri — um épico animado em que o futuro virou um cemitério romântico, e a tecnologia decidiu fazer cosplay de gárgula barroca. A história gira em torno de D, um caçador mestiço (meio humano, meio vampiro, 100% introspectivo), que aceita resgatar uma donzela raptada por um nobre vampiro. Só que... surpresa! Ela não foi sequestrada — fugiu por amor. Como sempre, o problema é o amor. E os humanos.
A arte é uma orgia visual: castelos em ruínas, luas em overdose, criaturas que parecem ter saído de um livro de alquimia e espadas que cortam mais do que a realidade. D cavalga pelo deserto como se tivesse saído de um sonho lúgubre dirigido por Poe e desenhado por um artista de heavy metal sueco. E se isso ainda não bastar, ele tem uma boca sarcástica morando em sua mão esquerda. Sim, você leu certo.
Agora, se você quer uma porta de entrada para essa obra, recomendo um videoclipe feito por fãs ao som de “Sequel of Decay”, da banda Tristania. É como ver um funeral vitoriano com trilha sonora norueguesa — melódico, pesado e deliciosamente decadente. Uma combinação perfeita para acompanhar a tragédia de um amor impossível entre um morto e uma quase-morta.
Vampire Hunter D: Bloodlust é mais que um filme: é uma missa negra animada, uma meditação afiada sobre monstros, solidão, romance e as coisas lindas que damos um jeito de destruir. Assista, se puder. E depois volte aqui para me dizer se você também teve vontade de fugir com um vampiro de casaco longo e olhar soturno. Porque, convenhamos... quem nunca?