Poucos filmes exalam decadência, erotismo e tragédia com tanta elegância quanto Drácula de Bram Stoker, dirigido por Francis Ford Coppola em 1992. E se você, como eu, é fã de Keanu Reeves e Winona Ryder, prepare-se: os dois brilham intensamente nesse delírio gótico, envoltos por véus, castelos e sangue. Keanu, sempre com aquele ar de herói perdido no tempo e um sotaque britânico que é quase um feitiço por si só, vive Jonathan Harker — o rapaz que entra, sem querer, na barriga do pesadelo. E Winona, com sua aura de inocência carregada de desejo reprimido, é Mina — um espírito dividido entre o amor terreno e a sedução do abismo.
O filme adapta com fidelidade (e uma pitada generosa de luxúria) o clássico de Bram Stoker. Aqui, Drácula — interpretado magistralmente por Gary Oldman — é um ser atormentado, apaixonado e perigosamente poético. Ele não quer apenas sangue; ele quer amor, redenção... e talvez um pouco de vingança em estilo operístico. Coppola conduz a narrativa como se estivesse montando uma missa negra em pleno teatro renascentista. Tudo é exagerado, belo e carregado de simbolismo: crucifixos, véus, sombras, rios de sangue e sussurros ao pé da tumba.
E claro... Monica Bellucci. Meu Deus. Monica Bellucci aparece como uma das noivas vampiras de Drácula e é, sem exagero, a própria encarnação da tentação. Sua beleza estonteante transcende o papel: ela não atua, ela hipnotiza. Aliás, é preciso ter nervos de aço (ou falta de instinto de sobrevivência) para não desejar ser devorado por ela com prazer e sem arrependimento. Bellucci não apenas rouba a cena — ela quebra as janelas, apaga as velas e nos faz esquecer do resto do elenco por um momento.
A trilha sonora de Wojciech Kilar eleva a experiência ao sublime. É uma ópera de sombras e paixões perdidas. Os efeitos são todos práticos, feitos à moda antiga, o que dá ao filme uma aura encantadoramente artesanal — como se cada quadro tivesse sido pintado com sangue e seda.
E pra quem ainda não viu (ou quer reviver), deixo aqui uma pequena oferenda: um videoclipe feito por fãs ao som de “Sequel of Decay”, da banda Tristania. A música, com seus vocais fantasmagóricos e atmosfera lúgubre, combina perfeitamente com as imagens do filme. É como abrir um grimório à luz de velas, enquanto lá fora chove sangue e o amor morre lentamente num abraço apertado demais.
Drácula de Bram Stoker não é apenas um filme — é uma paixão maldita em forma de cinema. Uma elegia à luxúria, à saudade e à beleza que nos destrói. Veja. Entregue-se. E lembre-se: alguns amores nunca morrem. Outros... apenas dormem dentro de um caixão, esperando a hora certa para morder de novo.