Este é o meu primeiro livro. Ou melhor, meu primeiro livreto de invocação solitária — apenas 24 páginas, mas cada uma delas pulsa como um pequeno coração negro no peito de um filho bastardo das trevas. Sim, eu o amo. Mesmo que ninguém mais o leia. Mesmo que ele apodreça esquecido numa gaveta empoeirada... ao lado de um dente humano e uma fita cassete amaldiçoada.
Ainda vai passar por ajustes, claro. A figura da capa precisa de um toque mais etéreo, mais fosco, como se tivesse sido desenhada com cinzas de sonhos esquecidos. E um título? Ah, sim... ele existirá — mas escondido, sussurrado apenas na primeira página. Não na capa. Jamais na capa.
Capa é altar. É pecado gravar letras nesse relicário visual. A imagem é tão bela (para meus olhos contaminados) que escrever qualquer coisa nela seria como tatuar um código de barras em um anjo caído. Não. Não farei isso.
Não espero que venda. Não espero que me faça famoso. Eu só quero que ele exista. Que respire. Que me olhe de volta quando eu estiver velho demais pra escrever e jovem demais pra morrer.
Este livro é meu. E isso já é um pequeno milagre profano.