Se choras — ai de mim! — por meu desejo,
É que minh’alma é lobo e não amante;
Dou-te meu beijo... e logo em vão despejo
Promessas que dissolvem num instante.
Eu quis ser teu! Mas dentro do meu peito
Há sombras que desmancham minha flor.
Amar-te é sonho... e o sonho vem desfeito,
Pois meu amor só sabe dar-te dor.
Talvez um dia, exausto de inconstância,
Eu quebre em ti a sina da mudança...
Mas hoje sou saudade que não fica.
Foge de mim! Sou fogo que castiga,
E embora jure a ti ser tua guarida,
Só faço o coração que ama... em ferida.