Post Scriptum Izanagui
Já morri em romance, ressuscitei nos contos — sigo em poemas inacabados.
Capa Meu Diário Textos E-books Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links
Meu Diário
02/07/2025 03h00
A Inspiração Voltou

Depois de dias (ou semanas?) em silêncio, ela finalmente apareceu.
Sutil como uma brisa, incômoda como uma lembrança — a inspiração me pegou de surpresa.

Voltei a escrever.
O conto que parecia abandonado agora respira, pulsa, sussurra caminhos.
Nem sei explicar como, só sei que estou de volta.

E logo, vocês também saberão.

 

Publicado por Izanagui
em 02/07/2025 às 03h00
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
01/07/2025 03h00
O CONTO QUE SE ESCONDE NUMA MÚSICA PERDIDA

Estou escrevendo um conto. Ou melhor, estou tentando escrever um conto.

A ideia veio como um sussurro durante uma viagem de ônibus, entre um cochilo e outro, quando a estrada parecia um rio negro e sem fim. Lá fora, o mundo passava borrado. Aqui dentro, uma canção começou a tocar — um dueto nostálgico, saído da minha rádio favorita, a melancólica e elegante Antena 1. Foi nesse momento que algo despertou. Um estalo. Uma visão. Anotei a ideia no Trello como quem captura um espírito com um pote de vidro... e voltei a dormir.

Agora estou aqui. O resumo do conto está pronto, aguardando pacientemente por seu corpo. Mas falta a alma. A música. Aquela música.

E eu? Eu não faço a menor ideia de qual era.

Tenho vasculhado os arquivos da Antena 1 como quem procura um grimório antigo. Ouvi Woman in Chains, I'll Be Over You, Secret Lovers, Atlantic Starr... e nada. Nenhum arrepio. Nenhuma fagulha.

A maldita inspiração, essa entidade volúvel, exige uma chave perdida — e eu estou preso do lado de fora, espiando pelo buraco da fechadura.

Se você ouvir, por acaso, uma música que parece abrir um portal entre a insônia e a epifania, me avise. Pode ser ela.

Enquanto isso, continuo aqui. Escrevendo em círculos, esperando que o rádio me salve. Ou me condene.

 

 

Publicado por Izanagui
em 01/07/2025 às 03h00
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
24/06/2025 03h00
Análise letras de música #1: A viagem - Roupa Nova 1994

A Viagem — Quando o Amor Se Recusa a Morrer

Há canções que não foram feitas para o rádio. Foram feitas para os silêncios — para os momentos em que uma cadeira vazia pesa mais que o próprio corpo, e o tempo parece murmurar com a voz de quem partiu.

“A Viagem”, do grupo Roupa Nova, não é sobre um adeus. É sobre a recusa em aceitar que o amor possa ser vencido pela morte. É uma elegia doce, quase celestial, onde a alma que partiu sussurra ao ouvido do sobrevivente: “Eu estou bem... e você ainda pode sorrir.”

A música se constrói como uma carta póstuma — mas não escrita com tinta, e sim com a presença invisível de um espírito que ainda ronda os cômodos, os cheiros, as memórias. Não há céu ou inferno, apenas o vácuo entre dois mundos onde o amor continua pulsando, mesmo que o corpo tenha falhado.

Há quem diga que é espiritismo. Outros chamam de fé. Mas talvez seja apenas a mais antiga de todas as ilusões humanas: a necessidade de acreditar que quem se ama nunca parte por completo.

“Na luz que te ilumina, eu vou estar” — diz a voz que vem do além.

Essa luz não é divina, nem solar. É uma lembrança acesa na penumbra do luto, é o riso que ecoa quando tudo ao redor parece ruir. É o modo como certas presenças ainda doem, mesmo quando não há mais passos.

"A Viagem" é o tipo de música que não se ouve, se sente. Como um arrepio sem vento. Como um abraço que nunca foi dado. Como um reencontro que só pode acontecer no sonho, ou no outro lado da realidade.

É uma música sobre amor. Mas não o amor de novela — e sim aquele amor que resiste ao esquecimento, desafia a ausência e morre apenas para continuar vivo.

Porque alguns sentimentos, ao invés de acabarem... partem.

E prometem voltar.

 

Publicado por Izanagui
em 24/06/2025 às 03h00
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
23/06/2025 03h00
Filmes vampirescos #6: Entrevista com o Vampiro 1994

Vamos falar agora sobre meu filme favorito de todos os tempos. Não por acaso, é também um dos mais elegantes, sombrios e filosoficamente perturbadores que já passaram pela tela: Entrevista com o Vampiro. Um épico gótico onde a imortalidade não é bênção — é maldição, é prisão, é espelho.

Quem diria que dois dos maiores galãs de Hollywood estariam lá, cobertos de sangue e dilemas existenciais? Brad Pitt, o Louis atormentado, com olhos que carregam séculos de culpa e fome moral. E Tom Cruise, brilhante como nunca, interpretando Lestat — o vampiro hedonista, sarcástico, que dança entre a crueldade e o charme como um maestro da perdição. De bônus, temos ainda Antonio Banderas, etéreo e letal como Armand, e Christian Slater, o ouvinte moderno que talvez esteja mais perto das trevas do que imagina. Um elenco que, sinceramente, faria qualquer alma assinar um contrato eterno com um sorriso.

Mas o que me prende não são apenas os nomes, e sim o tom confessional, quase literário, da história. Louis não conta uma aventura. Ele faz um desabafo. Uma elegia aos séculos, ao amor impossível, à culpa sem redenção. E então surge Claudia — interpretada com maestria por Kirsten Dunst — a boneca de porcelana com olhos de assassina e alma envelhecida à força. Uma criança sem infância, um monstro sem escolha. A prova viva de que a eternidade é injusta, mesmo entre mortos.

Com cenários deslumbrantes, fotografia densa e uma trilha sonora que mistura o sagrado e o profano, Entrevista com o Vampiro é mais que um filme. É um ritual. Um espelho escuro. Uma obra que pergunta: o que resta da humanidade quando o tempo perde o fim?

Este não é um filme de terror. É um poema trágico sobre eternidade, culpa, desejo e solidão. Uma história onde a beleza e o horror dançam juntos — e o sangue, claro, é apenas o começo.
Um verdadeiro filme de vampiro.

Publicado por Izanagui
em 23/06/2025 às 03h00
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
20/06/2025 03h00
Resumo 001: Os Salgueiros, de Algernon Blackwood

Não vou fazer análise filosófica ou metafísica para esbanjar sapiência. Eis um resumo seco:



Dois sujeitos decidem fazer o que qualquer alma sensata evitaria: remar por trechos esquecidos do Danúbio e acampar numa ilhota deserta, rodeada por salgueiros retorcidos que parecem ter opinião própria sobre a presença humana.



No começo, tudo parece só esquisito — o tipo de desconforto que você culpa no vento, na comida enlatada vencida ou na paranoia básica de estar no meio do nada. Mas logo o ambiente começa a se contorcer: as árvores se inclinam demais, o solo muda de lugar sozinho, e um zumbido sinistro no ar começa a parecer menos vento e mais aviso.



Não demora muito até que os protagonistas percebam que a ilha não está apenas isolada — ela está em outra frequência da realidade. Uma zona onde entidades antigas, invisíveis e nada amigáveis, tratam humanos como mosquitos: ignoráveis, exceto quando resolvem bater de frente.



Ao fim, o passeio de canoa se transforma num pesadelo surreal com direito a sacrifícios, geografia mutante e uma vontade incontrolável de nunca mais olhar para um salgueiro sem pedir desculpas primeiro.




Publicado por Izanagui
em 20/06/2025 às 03h00
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Página 2 de 7
1 2 3 4 5 6 7